25 Frutos do Arquipélago da Madeira
As variadas frutas que podemos encontrar tanto na Ilha da Madeira como do Porto Santo são apenas alguns exemplos da singularidade destas ilhas.
Olhemos então alguns dos exemplos mais famosos e onde podemos encontrá-los!
Anona
A Anona é uma fruta originária da Cordilheira dos Andes. Este fruto foi introduzido na Ilha da Madeira no século XVII, trazido por mercantes vindos da América do Sul.
Esta fruta apresentou desde logo uma boa adaptação às condições climatéricas da região, sendo que, hoje em dia, os pomares de anoneira encontram-se entre os 280m a 550m acima do nível do mar.
A produção moderna encontra-se concentrada no Concelho de Santana (Faial em especial), sendo que há também alguns pomares na zona de Machico, Santa Cruz e Funchal (ainda que em menor quantidade).
A Anona, cujo nome científico é Anona cherimolia Mill, é um fruto tipicamente doce e delicado ao toque, tendo um valor energético particularmente alto, cerca de 75kcal por 100g. É comum encontrarmos anonas grandes e pesadas, o que faz delas um fruto perfeito para partilhar! Pode comer-se à temperatura ambiente ou refrigerada (não por muito tempo, senão a pele da anona começa a ficar castanha e a oxidar), esta última opção é perfeita para quem quer uma sobremesa refrescante mas mais saudável do que o seu típico gelado.
A fruta é rica em hidratos de carbono simples e complexos, Vitamina C (muito importante pela sua ação antioxidante e para a manutenção de colagénio na pele e músculos), Vitamina B6 (presente em processos metabólicos como a produção de anticorpos, contribuindo também para a redução de fadiga), potássio (contribui para os processos naturais de eliminação de toxinas), ferro (imperativo para a hemoglobina e transporte de oxigénio no sangue), fibras (que ajudam na saúde intestinal, nomeadamente na manutenção de uma flora intestinal saudável) e outros elementos com propriedades anti-inflamatórias.
Goiaba
A Goiaba (nome científico Psidium pyriferum) é outro fruto tropical originário das Américas. É um fruto recheado de sementes, com um sabor leve e adocicado, com um interior geralmente cor-de-rosa e um valor energético relativamente baixo (cerca de 68 kcal por 100g).
As goiabeiras geralmente dão fruto na época de Outono/Inverno, entre Outubro e Fevereiro. A sua produção é feita maioritariamente na costa sul da ilha, principalmente nos concelhos do Funchal, Câmara de Lobos e Ribeira Brava.
A goiaba é rica em fibras, contribuindo para a manutenção de um bom trânsito intestinal, pelo que ajuda a nível da digestão. Esta fruta tropical é abundante em antioxidantes, como o licopeno e a vitamina C. Estes ajudam a prevenir o envelhecimento das células, já que evitando o dano causado pelos radicais livres. A presença de vitamina C potencia também a absorção de ferro pelo organismo, pelo que é recomendada a quem sofre de anemia.
Na Madeira é comum a goiaba ser utilizada em compotas, batidos, sumos e até licor.
Pitanga
A pitanga, Eugenia uniflora L., é outro fruto tropical vindo directamente do Brasil para a Ilha da Madeira. Não é um fruto muito passível de ser comercializado, pois a partir do momento em que amadurece é extremamente delicado e estraga-se facilmente, o que faz com que o seu armazenamento e transporte não sejam economicamente muito viáveis. Estes factores fazem com que seja uma fruta desconhecida por muitos portugueses e estrangeiros que nos visitam (com a excepção notável dos brasileiros).
As árvores, as pitangueiras, germinam facilmente, ao ponto de serem utilizadas em espaços e jardins públicos e frutificando várias vezes por ano. A maioria encontra-se na costa sul da ilha, entre o Funchal e a Ponta do Sol.
A pitanga tem um sabor agridoce: se colhida com aspecto entre laranja a vermelho é mais ácida, enquanto que colhida com tom vermelho escuro ou mesmo quase negro é bem mais doce. Esta versatilidade faz com que seja utilizada de diversas formas na culinária, desde compotas e chutneys até mesmo em bebidas alcoólicas tradicionais como é o exemplo da poncha.
Em termos nutricionais trata-se de um fruto pobre em açúcares, com presença de vitamina A, elemento importante para a visão e para o sistema imunitário (estimula a produção e atividade dos glóbulos brancos). É também rico em vitamina C.
Maracujá
Poucas frutas são tão associadas à Madeira como o maracujá (com a excepção talvez da banana de que falamos mais adiante), todavia este veio do Brasil. O maracujá é uma fruta redonda e pequena com uma polpa gelatinosa rica em sementes. É proveniente do maracujaleiro, uma planta trepadeira de crescimento rápido. Na Madeira encontram-se essencialmente 3 variedades, o roxo regional (Passiflora edulis Sims.: a Passiflora edulis f . sp. edulis), o brasileiro amarelo (Passiflora edulis f. sp. flavicarpa) e um híbrido F1. O mais consumido e conhecido é o roxo, que tem um sabor intenso e um pouco ácido.
Os maracujaleiros são plantas um pouco temperamentais, sensíveis ao vento, ao excesso e à falta de água. É uma fruta tropical por excelência e encontrou na Ilha da Madeira solos férteis e com óptimas condições. é produzido principalmente nos concelhos de Machico, Santa Cruz, Ribeira Brava, Ponta do Sol e Calheta.
O maracujá é amplamente usado na gastronomia madeirense, na tradicional poncha, em compotas, chutneys, em molhos a serem usados com peixe, em licores, gelados e outros doces. É também comum comer-se o maracujá ao natural ou adicionar um pouco de açúcar à polpa e comer à colherada como sobremesa!
O maracujá é rico em vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, fósforo, sódio e potássio. É-lhe atribuído propriedades calmantes e antioxidantes, que ajudam a combater o envelhecimento e a degeneração celular. O óleo que se pode extrair do maracujá tem também importantes aplicações cosméticas, agindo como emoliente para a pele.
Banana
A Banana foi introduzida no arquipélago da Madeira pela primeira vez no século XVI. Essa banana seria diferente da que vemos hoje em dia, sendo que ao longo do tempo tivemos a presença de diferentes tipos de bananeira. A que temos mais presente hoje em dia é a subespécie Musa cavendishii. Existem outras variedades de banana disponíveis na ilha, a banana-prata e a banana-maçã, porém a sua produção é pequena e local, circunscrita a jardins pessoais ou pequenos poios, pelo que não é de fácil comercialização.
A banana da Madeira caracteriza-se pelo seu sabor frutado e naturalmente doce, o que contrasta com a maioria das bananas disponíveis no mercado nacional, geralmente vindas da América do Sul e Central. São geralmente mais pequenas, mas o seu teor natural de açúcar é superior e isso reflecte-se no sabor.
A banana desenvolve-se com facilidade na Ilha da Madeira devido à sua posição geográfica e às condições climáticas presentes na ilha. A produção leva entre 12 a 14 meses, desde o crescimento da planta até ao corte do cacho de bananas (geralmente um por bananeira). A maior parte da produção é feita a sul, entre o nível do mar e a cota dos duzentos metros de altitude, onde existe temperatura elevada, boa exposição solar e água em abundância, proveniente do norte da ilha através de levadas. Em toda a costa sul da ilha podemos observar bananeiras, mas há um especial foco na zona da Ponta do Sol e Calheta.
A banana é uma fruta rica em vitamina A, vitamina C, fibras, ferro, fósforo, cálcio, potássio e açúcares naturalmente presentes. Apresenta benefícios para o sistema imunitário (devido à presença de vitaminas A e C), para a manutenção e recuperação da massa muscular (potássio em grandes quantidades, o que também a torna num fruto mais radioactivo do que os restantes), para a manutenção de densidade óssea (devido ao cálcio presente) e até mesmo contribui para a perda de peso (por ter um alto factor de saciedade). É um alimento bastante consumido por atletas e por pessoas activas em geral por providenciar energia, cerca de 90 kcal por banana.
No arquipélago a banana é amplamente utilizada em doces, pudins, na confecção de bolos, licores ou mesmo como acompanhamento de pratos de peixe (veja-se a tradicional espada com banana).
Tabaibo
O tabaibo (Opuntia fícus-indica) é um fruto oval e espinhoso proveniente da tabaibeira ou figueira-da-Índia, uma planta da família das cactáceas. As tabaibeiras na sua maioria crescem de forma perfeitamente espontânea, não sendo cultivadas para tal.
Pensa-se que as tabaibeiras foram introduzidas na Ilha da Madeira no século XIX, vindas do México, onde abundam. O objectivo desta introdução era o da produção do pigmento carmim através de pequenos insectos que são utilizados para a extração do mesmo.
Esta planta dá-se bem em climas mais quentes e mesmo áridos, pelo que é comum em toda a costa Sul da Ilha da Madeira, com especial ênfase na Fajã da Ovelha, onde há até uma festa dedicada a esta fruta e no Caniço, e também no Porto Santo. Não há produção organizada, esta acontece espontaneamente. A colheita destes frutos acontece entre Julho e Outubro e tem de ser feita com luvas devido aos espinhos naturais da fruta que são pequenos e causam dor e irritação se apanhados com mãos desprotegidas.
Há várias variedades de tabaibo distinguidas pela cor da polpa, que pode ser branca (a mais frequente), laranja ou vermelha.
Em termos nutricionais, esta é uma fruta pobre em calorias (cerca de 42 kcal por 100g), com alto teor de vitamina C, cálcio, magnésio e potássio. A presença de vitamina C contribui para um sistema imunitário forte e tem propriedades antioxidantes. O cálcio presente no tabaibo tem efeitos desejáveis na densidade óssea e o magnésio é importante para a redução do cansaço e da fadiga. Já o potássio presente neste fruto ajuda a controlar a pressão sanguínea e a retenção de líquidos. é um fruto muito rico em fibra alimentar devido à abundante presença de sementes, o que contribui para a regulação do trânsito intestinal, desde que não comido em excesso (por ter muitas sementes o excesso de consumo pode resultar em obstipação em pessoas particularmente sensíveis).
Os tabaibos são um fruto de Verão e por isso mesmo o ideal é consumi-los frescos, vindos directamente do frigorífico. Há quem os use também para licores e compotas.
Uvas
A Uva é um fruto indissociável da história do próprio arquipélago. A sua introdução remonta praticamente ao início da povoação da Ilha. As primeiras castas diz-se terem sido também introduzidas pelo Infante Dom Henrique. A Uva está obviamente ligada à produção de vinho Madeira.
O clima ameno observado todo o ano na ilha e os solos férteis em muito contribuíram para o estabelecimento do cultivo da uva na ilha e com objectivo de produção de vinho. O Vinho Madeira teve um papel importante na economia da ilha ao longo dos tempos, tornando-se num produto popular e de qualidade por todo o mundo. A título de curiosidade, o Vinho Madeira esteve presente em 1776 aquando da independência dos Estados Unidos da América, sendo o vinho preferido de Thomas Jefferson.
As uvas mais produzidas na ilha são as das castas Tinta Negra, Sercial, Boal, Verdelho e a Malvasia. A Tinta Negra é a mais produzida, sua cultura está no sul da Ilha, no Funchal e Câmara de Lobos e a norte, em São Vicente. A Sercial, muito ácida, é produzida no Norte da ilha e em Câmara de Lobos. A Verdelho é geralmente cultivada aos 400 metros de altitude. A Boal é produzida entre os 100 a 300 metros e está mais presente em Campanário e São Vicente. Por sua vez a casta de uva Malvasia, que se crê ter sido a primeira a ser introduzida na ilha, encontra-se maioritariamente na costa norte da ilha.
É de sublinhar também a produção, ainda que em pouquíssima quantidade de uva branca no Porto Santo, uvas doces e leves que raras vezes se vêem fora da ilha do Porto Santo.
As vindimas ocorrem tradicionalmente no final do mês de Agosto e início do mês de Setembro, sendo que de 3 a 27 de Setembro dá-se a Festa do Vinho, que é um dos cartazes turísticos do destino Madeira. É também de destacar a Festa da Uva e do Agricultor que ocorre no Porto da Cruz praticamente em simultâneo.
A grande maioria das uvas produzidas no arquipélago são para a produção de vinho, se bem que também se encontram algumas para venda nos mercados tradicionais. é de notar que embora se trate de uma bebida alcoólica, quando consumido em moderação o vinho apresenta benefícios para a saúde, como é o exemplo de efeitos de diminuição de pressão arterial ou até efeitos anti-inflamatórios. Já as uvas em si têm um grande grau de saciedade, sendo ricas em antioxidantes e vitaminas C e K, e também em flavonóides, que ajudam na redução do chamado mau colesterol.
Fruto Delicioso
O Fruto Delicioso (Monstera deliciosa) é uma fruta comprida com um sabor exótico e frutado, uma mescla de banana, anona e ananás. Este fruto é originário do México e a planta que o origina é uma trepadeira. O ideal para a sua produção são as temperaturas um pouco mais altas do sul da ilha, onde cresce livremente em jardins particulares, principalmente de forma ornamental (a suas grandes folhas verdes são consideradas muito bonitas). Não há na ilha produção em larga escala.
É um fruto que se deve ir comendo à medida que amadurece, visto que não amadurece todo ao mesmo ritmo. É muito popular entre os visitantes da ilha por ser um fruto tropical pouco comum e de sabor delicado e forma peculiar. Quando maduro é muito agradável, porém quando verde é tóxico e portanto é aconselhável algum cuidado. Esta fruta é muito baixa em calorias, tem um alto teor de potássio e vitamina C.
Physalis
A Physalis é um fruto tropical originário da América do Sul. De nome científico Phisalys peruviana L., esta é uma planta invasiva e que cresce espontaneamente sem necessidade de grandes cuidados. A planta desenvolve-se bem especialmente na costa Sul da Ilha da Madeira. O fruto é redondo e tem um sabor doce e ácido. Do ponto de vista da saúde os frutos apresentam propriedades antioxidantes (evitando a formação dos radicais livres no organismo) e anti-inflamatórias, dada a presença de fisalina, apontada como uma arma contra o cancro e a tuberculose em alguns estudos. Os frutos também são coloquialmente recomendados a quem tem doenças de pele. São ricos em vitaminas A e C e fibras que ajudam a regular os níveis de açúcar no sangue.
A Physalis é muito usada em compotas e geleias, sendo também comida por si só.
Tomate Inglês
O tomate inglês ou tamarilho é um fruto de uma planta originária dos Andes. Na Ilha da Madeira podemos encontrá-los um pouco por todo o lado, desde os 300 metros de altitude na costa norte e os 400 metros de altitude na costa sul. A maioria da produção está, no entanto, concentrada em plantações de pequena dimensão nos concelhos de Santana (Arco de São Jorge, São Jorge e Santana) e Santa Cruz (Camacha).
Como o nome indica o fruto tem parecenças com o tomate, sendo oval, vermelho e um pouco pontiagudo. O sabor, quando devidamente maduro, é ao mesmo tempo adocicado e ácido, podendo ser comido à colherada naturalmente ou integrado em saladas, em compotas ou mesmo licores e poncha.
Este fruto é ricos em antioxidantes, que ajuda no reforço do sistema imunitário e com baixo teor calórico, pelo que pode ser comido livremente até por aqueles que têm de ter cuidado com a dieta!
Castanha
A castanha (Castanea sativa) é um fruto antiquíssimo consumido na Europa há mais de 3 mil anos. Crê-se que seja originária da Ásia. Na realidade a castanha é tecnicamente uma semente e não um fruto. O mais provável é o castanheiro ter sido introduzido já na altura do primeiro povoamento da ilha, no século XV.
A principal produção de castanha centra-se nas freguesias do Jardim da Serra, do Curral das Freiras e da Serra de Água, a altitudes que variam entre os 400 e os 1000 metros.
A castanha tem inclusive um papel central na freguesia do Curral das Freiras onde há três décadas se realiza a Festa da Castanha, muito popular entre madeirenses e visitantes e que ocorre geralmente a 1 de Novembro. Nesta festa podemos regalar-mo-nos com castanhas assadas, muito típicas do Outono em todo o território nacional, com compotas de castanha, com pratos típicos, licores e até mesmo farinhas alimentícias à base deste fruto tão versátil.
As castanhas são muito ricas em hidratos de carbono, contudo apresentam pouca gordura e calorias. São ricas em folato e vitaminas C e B6, e são boas fontes riboflavina e tiamina. As fibras presentes são muito benéficas para os intestinos, estimulando a presença de bactérias probióticas importantes. Contém também minerais importantes como o cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo, zinco, cobre, manganésio e selénio.
Assim sendo as castanhas são ideais para que sofre de sensibilidade ao glúten, podendo substituir certos cereais ricos nessa proteína e colmatar necessidades energéticas.
Abacate
A árvore do abacate, o abacateiro (Persea americana Mill.) foi introduzida no arquipélago da Madeira algures nos princípios do século XIX, por um morgado regressado do Brasil. A origem do fruta é claramente muito mais antiga que isso, o fruto é originário do México, Guatemala e Antilhas e há evidências do seu consumo na América central que remontam há 10.000 anos.
Aqui na Madeira é conhecido como Abacate ou Pêra-Abacate, por fazer lembrar o formato de uma pêra.
O abacate consegue ser produzido até aos 400 metros de altitude na costa sul e 150 metros de altitude na costa Norte da ilha. A maior parte da produção encontra-se em Santana, Funchal, Santa Cruz e Calheta. Muita da população tem árvores de abacate nos seus pequenos terrenos ou jardins, é uma planta que se adaptou bem à ilha. A produção insular tem crescido sustentavelmente nos últimos anos.
As duas variedades mais comercializadas são a "Hass" (com pele mais rugosa, e mais escuro) e a "Fuerte" (com fruto de casca lisa e em forma de pêra). A época típica é de Outubro a Julho.
Em termos de sabor o abacate apresenta uma textura extremamente suave e amanteigada, um sabor igualmente delicado. É um fruto popular nos dias que correm, podendo ser utilizado em pratos doces e salgados, em saladas, com peixe, com ovos ou mesmo por si só ou como alguns madeirenses gostam de consumir com um bocadinho de açúcar por cima (acção algo controversa para alguns!). Em termos nutritivos este fruto apresenta 162 kcal por 100g, fazendo dele uma fruta bastante calórica. Apesar disso é muitíssimo nutritivo sendo uma fonte de potássio, folato e vitamina A, rico em vitamina E e vitaminas B6, C, ferro e magnésio. Tem um alto teor de ácidos gordos monoinsaturados que estão ligados à redução dos níveis de colesterol no sangue.
Papaia
A papaia é um fruto tropical da papaieira. é possível vermos a frutificação de papaias ao longo de todo o ano, mas no Verão a frequência é maior. A produção geralmente é feita até aos 250 metros de altitude na costa sul, em pés dispersos e em pequenas plantações.
A papaia (Carica papaya) é originária da América Central e o Norte da América do Sul. É um fruto doce e de polpa macia repleta de sementes pretas redondas que se retiram antes de se consumir. Por ter um sabor muito agradável e tropical tem se tornado muito popular e a produção local tem se revelado de grande qualidade, sendo que muitas vezes os frutos de pequenos agricultores locais ultrapassam em muito a qualidade dos frutos importados que muitas vezes encontramos nos supermercados. A produção na ilha centra-se principalmente em pequenos agricultores, sendo que é mais bem sucedida no Concelho da Ponta do Sol.
A papaia é uma fruto muito versátil, podendo ser consumido ao natural, em sumos, batidos, pudins, compotas ou até licores. No que toca ao valor nutritivo da papaia este é óbvio: é abundante em vitamina C, A, cálcio, fósforo, ferro, sódio e betacaroteno. Este perfil nutricional favorece o reforço do sistema imunitário, a saúde intestinal (visto que a presença de fibra solúvel promove um certo efeito laxativo) e até no controlo do colesterol.
Melancia do Porto Santo
A Melancia (Citrullus lanatus) é um fruto que tipicamente se vê na Ilha do Porto Santo durante o pico do Verão, quando, aliás, se dá o próprio festival da Melancia (no final de Agosto).
Não é bem claro quando é que o fruto foi introduzido na Ilha Dourada, mas a verdade é que se tornou um dos produtos mais associados ao Porto Santo. Esta planta foi originalmente domesticada em África e posteriormente cultivada e espalhada pelo mundo a partir do Egipto. É um cultivo dado a temperaturas mais altas e climas mais secos, daí se dar bem no Porto Santo.
É uma fruta rica em água e muito pobre em calorias, cerca de 30 kcal por 100g. Contém vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina C, Licopeno e ácido fólico. É um fruto aconselhável para quem tem dificuldades em se hidratar e para quem tem problemas urinários.
Figo
O figo (Ficus carica L.) é um fruto pequeno e doce originário do Sudoeste Asiático, sendo encontrado nos países mediterrânicos europeus e no norte de África. O figo tem estado presente na dieta humana há milhares de anos, sendo uma das primeiras espécies a serem cultivadas. É um fruto bastante relevante na dieta mediterrânica, especialmente na área de influência do médio oriente.
Na ilha da Madeira desconhece-se a data da sua introdução, todavia é possível ver figueiras um pouco por todo o arquipélago. É frequente vermos figueiras especialmente na costa sul da Madeira do litoral até aos 400 metros de altitude. Há presença de figueiras também no Porto Santo. É uma planta facilmente adaptável a variadas condições climatéricas e geralmente está pronta a ser colhida entre Julho e Setembro.
Na Madeira é possível encontrar algumas variedades de figo, entre as quais, Pingo Mel, Bebera Branca, Bebera Preta e Cotios.
O figo é um fruto que contém potássio, cálcio, fósforo, vitaminas A, B1, C e K e bastante fibra alimentar, pelo que é recomendado para quem sofre de distúrbios do foro intestinal como é o caso da prisão de ventre.
É frequente encontrarmos o figo seco, em compotas e chutneys ou até mesmo em licores.
Uvas de Mesa do Porto Santo
As Uvas de Mesa são um fruto típico da ilha do Porto Santo, não sendo encontradas fora desta ilha. Pertencentes a uma casta quase em vias de extinção, a Listrão, no passado foram utilizadas na produção de vinho Madeira, já que as uvas eram mais doces e ajudavam a atenuar o baixo grau dos vinhos da Madeira. Hoje em dia a produção desta uva é local e feita por apenas alguns agricultores de forma residual. Podemos vê-las a ser vendidas por pequenas bancas de fruta na ilha do Porto Santo, mas não fora dela.
Estas uvas doces ainda são usadas para produção de vinho de mesa por alguns comerciantes locais, sendo possível prová-lo em restaurantes como o 3 V’s na Vila Baleira. As uvas são também usadas para fazer geleia de vinho, doce de uva e compotas, para além da grainha que é utilizada para fazer farinha, pão, broas e bombons.
Pêro da Ponta do Pargo
O pêro que se produz tradicionalmente na Ponta do Pargo nada é mais que uma pequena maçã com um sabor muito característico e ácido. Os pêros típicos desta localidade são geralmente pequenos e costumam ser colhidos entre o fim de Agosto a Setembro. Há uma festa anual dedicada a esta fruta nesta freguesia que oportunamente ocorre em Setembro.
Esta é uma fruta muito delicada, tem tendência a ficar “magoada” no transporte.
O pêro da Ponta do Pargo, por ser muito ácido, não é uma fruta de se comer ao natural. Geralmente este tipo de maçã é cozida ou assada no forno com uma boa dose de açúcar, de forma a equilibrar a acidez natural. É frequente serem também usados para fazer sidra.
O pêro é naturalmente pobre em açúcar, rico em fibra e abundante em vitamina C, aliada de um sistema imunitário forte.
Limão
O limão (Citrus limon) é um citrino de formato oval, pequeno e ácido, geralmente de coloração amarela ou verde. Pensa-se que o limão é originário do norte da Índia, na fronteira actual com a China e Birmânia. Terá entrado no continente europeu pela região da Itália no tempo do Império Romano. Foi também espalhado pelos territórios do Médio Oriente e Norte de África, tornando-se gradualmente num elemento fulcral da gastronomia desses povos.
Existem muitas variedades deste fruto, contudo as mais usadas são limão-galego, limão-siciliano, limão-cravo e o limão-tahiti.
O limão é uma fruta muito pobre em calorias (cerca de 29 kcal por 100g), mas rica em vitaminas e minerais importantes para o funcionamento do organismo. Este fruto tem um alto teor de vitamina C, importante para o sistema imunitário e que aumenta a absorção do ferro, contribuindo para a redução do cansaço e da fadiga. é um fruto com capacidade antioxidante devido à presença de vitamina E, vitaminas do complexo B, nomeadamente a B1,, a B2 e a B3. O limão contém ainda pectina na sua pele, elemento que ajuda na redução dos níveis de colesterol LDL no sangue. Também na casca do limão encontramos o d-limoneno, que apresenta efeitos antissépticos e antibacterianos, sendo que tem um efeito diurético, o que contribui para prevenir a retenção de líquidos.
O limão é produzido em maior quantidade na freguesia de Ilha, em Santana. Nesta localidade são produzidas anualmente cerca de 90 toneladas de limão. Há todos os anos uma festa dedicada a este fruto, em que os produtores locais exibem seus produtos, e em que se vende os mais variados produtos e doces feitos a partir do limão.
O limão é uma fruta muito versátil, sendo utilizada para fazer compotas (como elemento principal ou então como um dos ingredientes secundários), uma grande variedade de bolos, pudins e mousses, em sumos, na poncha, em licores, como tempero na culinária (desde saladas até pratos de carne e peixe), entre outros.
Cereja
A cereja é um pequeno fruto redondo e geralmente vermelho. Esta é originária da região entre o Mar Negro e o Mar Cáspio.
Na ilha da Madeira as cerejeiras encontram-se essencialmente acima dos 500 metros na costa sul e dos 350 metros na costa norte, uma vez que precisa de condições climáticas mais frias e menos tropicais. As principais zonas de produção cerejeira na Madeira são Jardim da Serra, Serra de Água e Curral das Freiras, sendo que a festa dedicada à cereja é no Jardim da Serra. A cereja madeirense é um pouco mais pequena que a cereja com origem em Portugal continental que geralmente podemos ver na maioria dos supermercados.
É um fruto cuja apanha é feita entre os meses de Maio e Junho, fazendo dele um fruto típico do início do Verão.
A cereja tem um conteúdo energético baixo e muita fibra, o que faz dela um alimento saciante. É um fruto rico em potássio, vitamina A e vitamina C, propriedades que assistem na eliminação de toxinas e líquidos do sistema.
As cerejas são comidas ao natural (devem ser mantidas no frio), utilizadas para a confecção de bolos, tartes, doces ou mesmo licores.
Nêsperas
As nêsperas são um pequeno fruto originário da Ásia e introduzido na Madeira em 1846. Este fruto apresenta uma cor amarela ou cor-de-laranja e sementes relativamente grandes para o seu tamanho. O seu sabor é doce,mas com uma boa dose de acidez.
As nêsperas cultivam-se um pouco por toda a costa sul da ilha da Madeira, sendo que há maior prevalência de árvores deste fruto na zona de Machico.
As nêsperas são um fruto com baixo teor energético (45 kcal por 100 g) e apresentam uma grande percentagem de água, sendo muito hidratantes. São ricas em betacarotenos, fibra, potássio e vitamina A, o que faz delas um bom aliado do sistema circulatório, nomeadamente do coração. A presença destas vitaminas ajuda também a evitar os danos dos radicais livres nas células.
Na Ilha da Madeira são consumidas normalmente ao natural e usadas na produção de licores (nomeadamente a partir dos caroços).
Araçal
O araçal (Psidium cattleyanum) é um pequeno fruto arredondado e amarelo originário do Brasil. É comum vermos araçaleiros um pouco por toda a costa sul da Ilha da Madeira, visto que é uma planta que precisa de um clima tropical e muita luz.
O araçal é um fruto tropical com um sabor parecido ao da goiaba, porém com um bocadinho mais de acidez e uma polpa esbranquiçada com sementes pequenas.
Esta fruta é extremamente rica em vitamina C, o seu consumo promove um sistema imunitário forte. Contém igualmente cálcio, fósforo e ferro, tendo efeitos anti-inflamatórios.
O araçal é um fruto típico do pico do Verão, especialmente entre Agosto e Setembro. É comum vermos araçaleiros em jardins particulares uma vez que é uma planta de fácil cultivo, sem necessidade de grandes cuidados.
Na Madeira os araçais são consumidos ao natural por si só ou integrados em compotas.
Tangerina
A tangerina (Citrus reticulata Blanco) é um pequeno citrino esférico cor-de-laranja muito típico do período natalício madeirense (embora se consiga encontrar noutras épocas do ano também). A tangerina tem um aroma muito forte e um sabor doce, é frequente vê-las a decorar a tradicional lapinha do Natal madeirense.
A tangerina é cultivada em toda a região, porém há maior incidência nos concelhos do Funchal, Santa Cruz, Câmara de Lobos e Ribeira Brava. Em Santa Cruz há, inclusive, uma festa anual dedicada à tangerina.
Este fruto é pobre em calorias (53 kcal por 100g) e é rica em fibras, vitamina C e potássio. Tem efeitos antioxidantes através da nobiletina que controla e impede a elevação do colesterol, prevenindo assim doenças cardiovasculares, como a arteriosclerose e o AVC.
Na Madeira é tradicional comer tangerinas no Natal, mas são também utilizadas na doçaria e em licores e poncha.
Ameixa
A ameixa tem a sua origem na região do Cáucaso, Anatólia e Pérsia. Na ilha da Madeira a ameixa é principalmente cultivada no Santo da Serra, Jardim da Serra, Curral das Freiras e Camacha.
É uma fruta típica de Verão, sendo colhida entre Junho e Setembro. A ameixa é um fruto redondo e com alguma variação de cor, desde o roxo escuro até ao verde claro. O seu sabor varia igualmente das mais doces às mais ácidas.
A ameixa é abundante em vitamina C, A, betacaroteno, potássio, ferro e antioxidantes. O seu conteúdo de fibra é um forte aliado da saúde intestinal.
Mango
O mango é uma fruta tropical inicialmente originária da Índia. Existem várias variedades de mango, porém é-lhes transversal o sabor doce e frutado e polpa macia e por vezes fibrosa com um caroço central. Os mangueiros estão mais presentes na costa sul da ilha, desde o litoral até aos 180 metros de altitude e no norte, nas fajãs soalheiras até aos 50 metros de altitude.
O mango tem uma coloração variada, desde o amarelo, laranja ao vermelho.
Esta fruta é abundante em fibra (o que potencia a saúde intestinal), ferro (adequada a quem sofre de anemia), potássio e magnésio.
é frequente ser consumida fresca ou em sumos, batidos, pudins, iogurtes, doces, entre outros.
Maracujá banana
O maracujá banana é um fruto originário das zonas altas da Venezuela à Bolívia e com um aspecto alongado e amarelado, daí o nome relacionado com a banana. Aparece esporadicamente na Ilha da Madeira e caracteriza-se por um sabor próximo do maracujá roxo, porém com menos acidez e menos sumo. É um fruto que se produz em zonas altas e tolera bem temperaturas mais baixas.
É um fruto rico em cálcio, ferro, niacina, riboflavina, sódio, vitaminas A e C. Na Madeira é normalmente consumido ao natural, podendo ser também integrado em sumos e outra doçaria.