Todos os anos milhares de turistas procuram a bela Ilha da Madeira com o único objetivo de fazer caminhadas ao longo das “levadas” intermináveis e trilhos esculpidas nas montanhas da ilha.
E, infelizmente, ano após ano, alguns acidentes, a maior parte deles evitáveis, mostram-nos que as montanhas, independentemente de estarem numa ilha com um clima Sub-tropical no Atlântico ou no Himalaia, são ambientes perigosos para os seres humanos.
Como proteger-nos contra essas potenciais mortes? Bem… principalmente pelo conhecimento.
Como os americanos sabiamente dizem … quanto mais souber, melhor fica.
Os perigos nas montanhas são diversos, e muitas vezes eles mudam com as próprias montanhas. As condições naturais, as particularidades geológicas e o clima estão profundamente relacionados com os diversos riscos que podem enfrentar durante a caminhada nas terras mais altas. Afinal, não podemos esperar encontrar as mesmas condições e agressões ambientais nas montanhas da Madeira como se estivéssemos na Antárctica, certo?
Por muito diferentes que essas condições possam ser, se alguém está a enfrentá-las, significa que, em algum lugar, de alguma forma, algo já falhou no seu planeamento da caminhada.
Confusos? Permitam-me explicar:
Independentemente das particularidades da localização geográfica e climática, os perigos nas montanhas são classificados em duas categorias principais: objetivos e subjetivos.
Os Perigos Objetivos nas montanhas são os causados por fatores naturais, como por exemplo: avalanches, pedra caindo, tempestades com raios, etc. Os Perigos Subjetivos, por outro lado, são os associados ao fator humano, e entre eles podemos ter a falta de preparação, mau equipamento, técnica inadequada, etc. Alguns alpinistas, filosoficamente, afirmam que a maior parte dos riscos objetivos nas montanhas são subjetivos, simplesmente porque se uma pessoa for devidamente preparada, que não iria expor-se a esse risco.
Os acidentes mais comuns nas montanhas da Madeira são as quedas. E a maioria delas poderia ser evitada. Uma combinação das vias escorregadias frequentes ao longo das “levadas”, com a distração de olhar para o pássaro ou para a bela flor, são responsável por alguns acidentes, ano após ano, especialmente nas trilhos mais expostos. Muitas vezes com consequências desastrosas. Quedas de rochas e deslizamentos de terra também são fatores de risco dentro do mundo natural da Ilha da Madeira. Uma vez que o nevoeiro e a chuva pesada, especialmente nos meses de inverno são frequentes.
A diminuição súbita da temperatura do ar, da luz do dia para a noite, é uma realidade comum em altas altitudes. Nas nossas montanhas, esta variação diária também está presente. O risco de hipotermia é sempre presente, se decidir caminhar nas montanhas da Madeira durante as estações mais frias. Então deverá vestir-se adequadamente. Tirando isso, caminhar ao longo do mundo natural da Madeira é uma experiência agradável para os milhares de caminhantes, desde que frequentemos os trilhos oficiais, todos eles devidamente marcadas e cartografados.
E se seguir algumas regras essenciais, e usar o seu bom senso e senso comum, essas mesmas experiências também podem ser muito agradáveis.
Receita para tal?
Bem, para começar:
- Documentar-se (Reconhecer a trilho e estudá-lo, usar mapas e guias dos trilhos).
- Ler e analisar a previsão do tempo para o dia das caminhadas e a tendência meteorológica para os próximos próximos dias.
- Verifique com as autoridades (Parques florestais, Polícia Florestal, bombeiros, proteção civil) e retirar destes algumas informações valiosas em primeira mão sobre as condições ao longo do percurso: é seguro? Riscos ao longo do mesmo? Informá-los sobre a sua caminhada planeada com hora de partida e o local e hora prevista de chegada ao seu destino.
- Equipar-se corretamente. Use roupas adequadas e coloridas (ao contrário da caça, para fazer atividades na montanha é fundamental ver e ser visto!). Calçado adequado é muito importante. Afinal, confia nos seus pés para andar, certo? Sapatos de caminhada são bons para o verão, mas a Bota de Caminhada é uma aposta mais segura para todas as estações.
- Aprenda os conceitos básicos de navegação terrestre. Saber como usar um mapa topográfico e uma bússola no campo, é de extrema importância. Receptores GPS estão tornando-se cada vez mais comuns e mais baratos, mas não podemos contar apenas com eles. O sinal de GPS é eficaz principalmente em terreno aberto, mas os seus erros aumentam nos vales mais profundos da Ilha da Madeira. Além disso, a sua autonomia ainda está longe de ser perfeita. Não irá querer ser apanhado de surpresa no topo de uma montanha nevoenta com um receptor GPS que está mostrando o sinal de “bateria fraca”, não é? Lembre-se: quando as coisas ficam difíceis, a simplicidade é tudo. Sempre reverter ao básico. Então… aprender a usar um gráfico/mapa e uma bússola magnética para orientação.
- Um par de bastões de caminhada (ou uma vara de caminhada – na Madeira é chamado de “bordão”) pode fazer maravilhas para ajudá-lo a manter o ritmo e para remover um pouco de pressão das pernas. Levá-los junto consigo.
- Mapa topográfico e bússola deve ir sempre consigo.
Às vezes as coisas podem dar errado, independentemente de toda a preparação. Quando enfrenta uma situação de emergência, a consciência e o conhecimento adequado (particularmente nos primeiros socorros e salvamento) que falamos anteriormente, irá fazer a toda a diferença para melhorar as suas hipóteses de sobrevivência.
Nestas condições, decisivas para melhorar as suas hipóteses de sucesso, deve trazer sempre consigo:
Um pequeno kit de primeiros socorros.
Um telemóvel.
Um cobertor de sobrevivência.
Uma pequena tocha.
Um apito.
… E espelho de sinalização heliógrafo.
Todos estes itens baratos são a linha da frente de qualquer kit de sobrevivência. O pequeno peso e volume que ocupam são razões mais do que suficientes para trazê-los sempre consigo, no bolso superior da mochila. Não economize sobre este assunto. Eles podem, literalmente, salvar sua vida.
Caminhadas Felizes.