Como Fazer Poncha - Método de confeção
Para além do «Rum da Madeira», são normalmente utilizados outros ingredientes que conferem caraterísticas únicas à «Poncha da Madeira», nomeadamente o mel de abelhas e uma variedade de frutos produzidos exclusivamente na região, como é o caso de laranjas e limões, individualmente ou combinados, que resultam numa harmonia de aromas.
Mas é importante realçar que a confeção desta bebida não está somente nos ingredientes que a constituem, mas também no know-how transmitido ao longo de gerações, em que tudo isto consiste em combinar os ingredientes e em ajustar as suas proporções. As principais ponchas conhecidas da Madeira, resumem-se a três, a de maracujá, a regional e a de pescador.
Ingredientes para a «Poncha regional»
2 limões
2 laranjas
1/2 colher de sopa de açúcar branco/mascavado
Mel de abelha a gosto
Aguardente de cana da Madeira ou «Rum»
Modo de preparação da Poncha
- Num copo alto coloque a casca do limão;
- Acrescente uma colher e meia de açúcar branco ou mascavado e esmague com um pilão;
- Esprema o sumo dos limões e das laranjas;
- Adicione o sumo à mistura de casca e açúcar. Misture com o caralhinho. Coe a mistura para o jarro.
- Adicione a aguardente de cana (o mesmo volume do sumo de laranja e limão). Junte o mel com a ajuda do «mechelote» (utensílio tradicional da ilha da Madeira para misturar os ingredientes).
Um pouco de história da Poncha..
A ilha da Madeira é conhecida, nomeadamente, pelas terras do vinho, que remontam quase à época da descoberta da ilha, em 1419, pelos licores, o famoso rum ou aguardente de cana sacarina, testemunhado no património documental madeirense já desde o século XVI, mas o que realmente se destaca cada vez mais é a «Poncha».
A «Poncha da Madeira» é considerada uma bebida tradicional da Região Autónoma da Madeira, é produzida obrigatoriamente com uma bebida alcoólica denominada por «Rum da Madeira». Este «Rum» é feito a partir da melhor seleção de canas de açúcar e destilado cuidadosamente, e produzido pela Companhia dos Engenhos do Norte, na vila do Porto da Cruz, que data a princípio do século XX., que se destaca pela, também pelas medalhas de privilégios, incluindo o International Spirits Challenge 2018, International Wine & Spirit Competition 2018, International Rum Conference, Madrid.
Faça uma visita ao histórico engenho, que permitirá observar no interior da fábrica, maquinaria que nos remete para a época da Revolução Industrial e onde poderá conhecer os testemunhos vivos do passado da produção do açúcar na ilha e recuar ao princípio do século XX, através dos links seguintes:
https://madeira.best/produto/passeio-de-jipe-ao-pico-do-areeiro-e-santana
https://madeira.best/produto/tour-do-este-da-madeira
Sugerindo ainda, uma visita à Casa do «Rum» mesmo ao lado do Engenho, onde poderá degustar vários «runs».
A cana-de-açúcar foi introduzida na Madeira em 1425 pelo Infante D. Henrique, importada de Sicília e é uma espécie agrícola com maior relevância na história da Madeira, que originou a ‘Era do Ouro Branco’ pois no século XV a ilha foi um grande fornecedor de açúcar e atualmente é ainda utilizada para a «Poncha da Madeira», e até mesmo para o mel de cana para confecionar os famosos «Bolos de Mel».
Para além do engenho do Porto da Cruz, em toda a ilha houve presença vários pequenos engenhos, tal como no concelho de Santana, apenas, em São Jorge, no Arco e no Faial, no Arco da Calheta, no sítio da Serra de Água surgiu, em 1857, em Câmara de Lobos, no ano de 1855, entre outros vários, de que hoje em dia, não restam vestígios.
O primeiro engenho que existiu na Madeira acredita-se que foi o de Diogo Vaz de Teive, construído em 1452,, na Ribeira Brava, movido com água da Ribeira.
Em 1883, nasce o engenho do Ribeiro Seco ‘Aluísio César Bettencourt’, que atualmente está em funcionamento, e na vila da Calheta, fundado nos finais do século XIX e inícios do século XX, período de grande desenvolvimento industrial, datado por volta de 1901, onde na época a sua laboração dependia de um sistema movido a água, mas atualmente trabalha através da força do vapor e da água.
Mas era no Funchal que se concentrava o grupo mais importante de engenhos para fabrico de açúcar e aguardente, nomeadamente, em torno da ribeira de Santa Luzia fundado por William Hinton em 1845.
Este engenho é considerado um dos mais antigos existentes na ilha, ainda com vestígios no Funchal, está ainda, hoje em dia erguida a chaminé do mesmo no Jardim de Santa Luzia.
Após o encerramento do engenho dos Hinton, em 1985, ficaram em funcionamento somente três engenhos na ilha da Madeira, o do Ribeiro Seco, Porto da Cruz e Calheta, e que ainda estão ativas, ainda conta um ‘Novo Engenho da Madeira’ constituído em 2006, localizado no Funchal, que segue os ancestrais dos Hinton, para o renascer de uma geração.
Ribeiro Seco - Endereço: R. das Maravilhas 170, 9000-167 Funchal - Website Link
Porto da Cruz - Endereço: Rua do Cais, Porto da Cruz - Website Link
Calheta - Endereço: Rua do Cais, Porto da Cruz - Website Link
Engenho Novo Engenho da Madeira - Endereço: 9370-221 Estreito da Calheta Parque Empresarial da Calheta - Website Link
Origem da «Poncha» da Madeira
A origem da «Poncha da Madeira» remonta ao século XIX como a adaptação da bebida conhecida por «panche» trazida da Índia pelos viajantes ingleses no século XVIII.
Esta revolução não tem autor conhecido, nem data. Mas tudo indica que a primeira «Poncha» a surgir na ilha foi a mesma que ainda hoje em dia é conhecida como «à pescador» em que, inicialmente, terá sido criada pelos pescadores para se aquecerem nas noites frias da vida marinha, em Câmara de Lobos, a vila conhecida pela «vila dos pescadores», presumindo-se ainda que fora neste sitio que começaram a surgir as primeiras propostas recorrendo à tangerina, ou à laranja.
Apesar de ser típica do concelho de Câmara de Lobos, a poncha é conhecida e apreciada por toda a ilha, e a oferta multiplica-se, pela zona velha do Funchal, na Serra de Água, na Encumeada, e que há muito tempo ultrapassou também as fronteiras desta. Esta é uma técnica que depois foi levada através do Atlântico para o Brasil, África e Caraíbas.
Existem ainda versões da poncha quer no Brasil como caipirinha, (feita com cachaça, açúcar, lima e gelo), quer em Cabo Verde, onde se chama «grogue».
Seja qual for a origem, a «Poncha», é a bebida mais tradicional da Madeira, quem vai à Madeira e não bebe poncha, não conheceu parte da cultura da pérola do atlântico, afinal não é apenas uma bebida, tornou-se, também, história que remete para os anos passados. Mas ali continua a fama da bebida e há quem diga que é o lugar para beber uma das melhores ponchas da região, na companhia, como é tradicional, de amendoins e tremoços.
.A «Poncha» tornou-se um produto emblemático na ilha tanto que é agora, segundo o Regulamento (CE) n.º 110/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de janeiro, confirma ser um produto de ‘’estatuto de Indicação Geográfica Protegida’’, ou seja, é uma bebida reconhecida nacionalmente como sendo típica de Portugal, de modo a proteger o produto regional e, sobretudo, a produção local de «Rum».
Alterações " Novos Tipos de Poncha"
A suposta poncha original era uma bebida que os pescadores bebiam para se aquecer na ida para o mar, que era feita com aguardente de cana, casca de limão, água e açúcar ou mel.
Hoje, a bebida que já não aquece pescadores, mas cura constipações e outros problemas da garganta.
A «Poncha da Madeira» apresenta alguma flexibilidade no que diz respeito à seleção dos seus ingredientes, sendo o componente obrigatório para a verdadeira poncha é o «Rum da Madeira». Os restantes ingredientes, podem ser modificados de acordo com ao gosto de cada um, como é o caso do mel, dos citrinos, e do açúcar.
(Foto: Funchal Daily Photo de Paulo Camacho)
Começou a surgir, recentemente, muitas versões de poncha, com frutas, tal como maracujá, ou a tangerina, a pitanga ou o tomate inglês, hortelã, morango, kiwi entre outros frutos tropicais.
Mas infelizmente algumas pessoas começaram a deixar de ter rigor na aguardente, introduziram, absinto, whisky, vodka e outras bebidas brancas, sendo que essa introdução, apreciada por uma parte dos consumidores, levantou um problema de identidade do produto regional.
Mas a grande revolução da poncha, nos últimos anos, foi a diversificação de sabores, ou a simples introdução de gelo, que atenuou o intenso sabor da aguardente.
De uma bebida forte, de tasca, a poncha tornou-se um símbolo da ilha, em que o limão deixou de ser a única fruta utilizada e em que a suavização do sabor levou a que o número de consumidores aumentasse, sobretudo um público mais jovem e mulheres.
Onde Beber Poncha da Madeira?
Restaurant & Grill Muralha Terrace, Estrada Regional 220 nº1, 9350-217 Madeira, Ribeira Brava - Link
Taberna da Poncha, Serra d’Água - Endereço: Estrada Regional 104 nº329 9350-309 Ribeira Brava (Madeira) - Link
Mercearia da Poncha, Funchal - Endereço: Rua de Santa Maria, 154 9060-291 Funchal - Link
Venda Velha, Funchal - Endereço: Rua de Santa Maria 170 9060 Funchal - Link
Barreirinha, Funchal - Endereço: Largo do Socorro, n.º 1 9060-305 Funchal - Link
Mercearia do Bento, Funchal - Endereço: R. dos Tanoeiros 4, 9000-057 Funchal
FidyPoncha em Câmara de Lobos - Endereço: Caminho do estreitinho nº 1 Calvário- Estreito 9325 Câmara de Lobos - Link
As Vides, Câmara de Lobos - Endereço: Rua da Achada 17 9325 Estreito De Câmara De Lobos, Madeira - Link
Bar Arsénio, em Águas Mansas - Endereço: Águas mansas 9135 Santa Cruz (Madeira) - Link
Dino, Porto da Cruz - Endereço: Largo da Igreja 9225 Porto Da Cruz, Madeira, Portugal - Link
E caso, deseje conhecer mais sobre a cultura da Madeira vinhos e poncha com a respetiva degustação, poderá reservar um TOUR connosco: